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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Focke-Wulf FW 200 “Condor”




  
O Focke-Wulf FW 200 “Condor” foi criado em 1937 como um avião de luxo, para o transporte de passageiros em linhas aéreas comerciais. Era o mais confortável e silencioso da época, e também mais caro. Teve o mesmo pai que o maravilhoso FW 190, o engenheiro aeronáutico Kurt Tank, que juntamente com a elite da estatal alemã Lufthansa, buscou uma aeronave que concorresse diretamente com o norte americano Douglas DC-3, além de substituir o lendário trimotor Junkers Ju 52. A idéia era de que fosse a primeira aeronave a atravessar o atlântico sem escalas, de maneira segura e confortável, no menor tempo possível.  O que era apenas um projeto acabou tornando-se uma aeronave fantástica, com quatro motores, asas em cantiléver e trens de pouso com amortecedores que proporcionavam um pouso macio e seguro. 



Em agosto de 1938, pousa pela primeira vez na América. Após uma viajem de 6.437km em 24 horas e 57 minutos, o FW 200 “Condor”, prefixo D-ACON nomeado Brandenburg, taxia pela pista do aeroporto Floyd Bennett, o primeiro campo de pouso de Nova Iorque, hoje transformado em um parque, de onde ainda decolam helicópteros da policia e de equipes de socorro. Sua viagem de volta a Alemanha levou 19 horas e 47 minutos, evidentemente devido a um “amigo” vento de cauda, e não de proa como na viagem em direção aos Estados Unidos da América. A mesma aeronave em um vôo para Tóquio acabou ficando sem combustível e foi abandonada no mar.

O Brandenburg em Nova Iorque.

Durante a Segunda Grande Guerra foi utilizada como bombardeiro. A idéia de utilizar a aeronave para fins militares foi dos japoneses, que adquiriram um exemplar. Seu idealizador passou a realizar uma série de modificações para que fosse então utilizado pela Luftwaffe. Primeiro foi utilizado em reconhecimento marítimo, devido a sua grande autonomia. Foram adaptados holofotes, câmeras fotográficas, botes e metralhadoras MG15 de 7.92mm. Depois bombas de 250kg e até de 500kg em trilhos. As dificuldades técnicas de manutenção foram muitas, principalmente devido as pistas não preparadas.



Os FW 200 também foram bastante utilizados em investidas contra as ilhas britânicas, e mais tarde contra comboios de navios. Em dois meses afundaram 90.000 toneladas, chegando a marca de 363.000 toneladas. Por esse feito, foi apelidado por Winston Churchill – primeiro ministro da Inglaterra – de “Flagelo do Atlântico”.   
Acabou tornando-se a aeronave oficial do Führer, Adolf Hitler. Num primeiro momento receoso pelo trem de pouso retrátil FW200, preferia o Ju 52. Mas com o tempo rendeu-se ao “Condor”.


Nos céus do Brasil vai fazer sua estreia ainda no final da década de 1930, trazido pelo Sindicato Condor (subsidiária da Lufthansa e posteriormente Cruzeiro do Sul). Duas aeronaves foram encomendadas, do modelo Fw 200A-0. Após voarem 11.000km, aterrizam em junho de 1939 no Rio de Janeiro, após escalas em Sevilha/Espanha, Bathurst/Gâmbia e Natal/RN. Receberam os prefixos PP-CBI "Abaitará" e PP-CBJ "Arumani", passando a voar na linha Rio de Janeiro – Buenos Aires

PP-CBI "Abaitará"
Como o Brasil demorou um pouco a decidir quem apoiar durante a Segunda Grande Guerra, tornaram-se uma preocupação para os norte-americanos, já que podiam ser convertidos rapidamente para o uso militar, e possuíam autonomia de voo para chegar até o Canal do Panamá. Um acordo tecnológico para a fabricação do avião no Brasil também havia sido fechado com o fabricante, o que deixou os EUA ainda mais preocupados.
PP-CBJ "Arumani"
 Em março de 1947 o "Abaitará" foi danificado em solo por um DC-3 da Panair que pousava no Aeroporto Santos Dumont, e acabou sendo sucateado por falta de peças para o conserto. Já o "Arumani", dizem ter sido destruído para não restar nenhum indício de nazismo no Brasil, após a queda do III Reich e o fim da Segunda Grande Guerra, mas provavelmente deixou de operar também devido a falta de peças. Foi o fim de um clássico que impulsionou os primeiros anos de aviação civil no Brasil.



Ficha Técnica
Pais de origem: Alemanha
Tipo: Bombardeiro de reconhecimento marítimo, 6 tripulantes (FW 200C-3/U4)
Propulsão: 4 motores de 9 cilindros em linha BMW Bramo 323R-2 Fafnir de 1.200HP (895 kW)
Desempenho: velocidade máxima 360km/h (224mph); teto de serviço 6.000m (19.685ft); alcance 4.440km (2.759 milhas)
Pesos:  vazio 12.950kg (28.549lb); máximo de decolagem 22.700kg (50.044lb)
Dimensões: envergadura 32,84m (107ft 8in); comprimento 23,46m (76ft 11,5in); altura 6,30m (20ft8in)
Armamento: 1 canhão móvel de 20mm na gôndola ventral dianteira, 1 metralhadora móvel de 13mm na posição dorsal traseira, 1 metralhadora móvel de 13mm em cada posição de longarina, 1 metralhadora de 7,92mm na posição ventral traseira e 1 metralhadora de 7,92mm na torre dorsal dianteira; carga de bombas de 2.100kg (4630lb)
 
 
Fontes:
http://www.airliner.net/nazi-airliner-brooklyn-ny-condor-fw200#more-844    
http://www.luftwaffe39-45.historia.nom.br/aero/fw200.htm
http://wp.scn.ru/

domingo, 28 de outubro de 2012

Cinema - Catch 22



 
 
Catch-22 (Ardil 22 no Brasil) é um romance histórico recheado de humor negro, do escritor norte-americano Joseph Heller, publicado em 1961, e frequentemente citado como uma das maiores obras literárias do século XX. O romance gira em torno de Yossarian, um bombardeador de B-25 da Força Aérea Americana, membro do 256.° Esquadrão, baseado na ilha de Pianosa na Itália.

Cena do filme Catch 22.

Já o filme, contado em grande parte através de flashbacks, não fez tanto sucesso. A equipe de produção incluiu diretor Mike Nichols e o roteirista Buck Henry, que trabalharam por dois anos no projeto, mas problemas de produção e artísticos marcaram o fracasso comercial do filme.
Mesmo com todos os problemas e a crítica negativa, o filme vale os quase 120 minutos de película, principalmente quando entram em cena os atores principais: 18 aeronaves B-25 Mitchell. Logo nos primeiros minutos, uma sequencia com uns 12 deles decolando em fila, é de arrepiar.
O orçamento do filme previa 17 aeronaves em condições de voo, mas uma outra foi adquirida no México e foi a única a ser destruída durante a produção, o que torna o filme o salvador do B-25 Mitchell da extinção. Um deles encontra-se hoje em exposição no "National Air and Space Museum" do Smithsonian Institution. 

B-25s na Rússia.

Um dos aviões militares táticos norte americanos mais importantes da Segunda Guerra Mundial e construído num total de 9.816 aeronaves, o Mitchell foi um clássico bombardeiro médio que também foi desenvolvido como um potente avião militar anti-navio. As origens do modelo remontam 1938, quando os norte-americanos apostaram que o Corpo Aéreo do Exército dos EUA precisaria de um novo bombardeiro de ataque. Em resposta, um trabalho foi iniciado no NA-40, que fez seu primeiro voo em janeiro de 1939, antes da conversão para o NA-40B para atender a especificação definitiva do USAAC emitida em janeiro de 1939. O conceito foi então aprimorado como o NA-62. Foram encomendadas 24 aeronaves de produção inicial B-25, que foram entregues a partir de fevereiro de 1941. As entregas posteriores compreenderam 40 aeronaves B-25A e 120 B-25B, a primeira com tanques de combustível autosselantes e a segunda com torres dorsal e ventral, mas nenhuma posição de metralhadora na cauda. O Brasil adquiriu, nos Estados Unidos, 30 exemplares do bombardeiro médio B-25 entre 1942 e 1945: sete B-25B; um B-25C; um B-25D e 21 B-25J. Após a guerra a FAB (Força Aérea Brasileira) adquiriu mais 66 B-25J usados, entregues entre 1947 e 1948. 

Aeronaves B-25 da operação Doolittle.

O B-25B foi usado na “Incursão Doolittle” de abril de 1942, quando 16 deles decolaram de um porta-aviões para bombardear Tóquio. 




FICHA TÉCNICA B-25
País de Origem: Estados unidos
Tipo: Bombardeiro médio, 5 tripulantes (B-25B)
Propulsão: 2 motores radiais de 14 cilindros em dupla estrela Wright R-2600-9 de 1.700HP (1.267W)
Velocidade máxima: 483km/h (300mph)
Teto: 7.175m (23.500ft)
Alcance: 2.172km (1.350milhas) com carga de bombas de 1.361kg (3.000lb)
Peso vazio: 9.072kg (20.00lb)
Peso máximo  de decolagem: 12.909kg (28.460lb)
Envergadura: 30,66m (67ft)
Comprimento: 16,13m (52ft)
Altura: 4,80m (15ft)
Armamento: 1 metralhadora móvel de tiro frontal de 0,3in no nariz, 
2 metralhadoras móveis de 0,5in na torre dorsal e 2 metralhadoras 
móveis de 0,5in na torre ventral; carga interior de bomba de 
1.361kg(3.000lb).

Cartaz do Catch 22.


FICHA TÉCNICA - FILME
Diretor: Mike Nichols
Elenco: Alan Arkin, Martin Balsam, Richard Benjamin, Arthur Garfunkel, Jack Gilford, Buck Henry, Bob Newhart, Anthony Perkins, Paula Prentiss, Martin Sheen, Jon Voight, Orson Welles, Bob Balaban, Susanne Benton, Collin Wilcox-Horne.
Produção: John Calley, Martin Ransohoff
Roteiro: Buck Henry
Fotografia: David Watkin
Duração: 122 min.
Ano: 1970
País: Inglaterra
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Paramount Pictures


Fontes: 
Wikipédia.
Coleção Armas de Guerra -Volume 3 - Bombardeiros e Aeronaves de Transporte.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Aeronaves Brasileiras - IPT-7 "Júnior"



Entre os diversos aviões experimentais produzidos no Brasil, o IPT -7 “Júnior” destaca-se como um dos menos conhecidos. Apesar de suas excelentes qualidades de vôo, e de ser uma aeronave de baixo custo de produção e manutenção, ficou apenas no primeiro protótipo.


Projetado em 1945, seu apelido mostrava exatamente o objetivo dos seus projetistas: uma aeronave pequena, compacta, e econômica que pudesse servir para treinamento e turismo. Apesar de suas qualidades, não chegou a ser fabricado em série.
Na época de sua concepção, a Seção de Aeronáutica do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) era dirigida pelo engenheiro Frederico Brotero, e em seu relatório ao Ministério da Aeronáutica com o pedido de homologação, explicava em detalhes os objetivos da aeronave:

“Devido à sua baixa velocidade de aterrissagem, e sua cabina confortável, com ampla visibilidade, o IPT-7 também é indicado para a instrução e pilotagem, com a vantagem de permitir um contato mais íntimo entre o instrutor e o aluno, sentados lado a lado...”


Sua fuselagem era totalmente feita de uma madeira brasileira chamada freijó, assim como as asas, construídas como peça inteiriça. A cobertura externa era de contraplacado de madeira com superfície plástica. Os comandos móveis eram cobertos de tela pintada. Seu trem de aterrissagem tinha pneumáticos de grande diâmetro para pouso em pistas não preparadas, e estavam equipados com amortecedores de mola.
Na cabine, cuja cobertura deslizava para trás, havia duplo comando e os seguintes instrumentos: turn and bank, velocímetro, altímetro, variômetro, manômetro, conta-giros e relógio.        


Os testes de homologação foram satisfatórios e o “Júnior” voou ainda alguns anos em São Paulo, servindo como aeronave experimental para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Mas a falta de interesse do Governo Federal e das indústrias privadas impediu sua fabricação em série, o que o levou a cair no esquecimento, sendo finalmente abandonado. 


O monomotor “Júnior” tinha todas as qualidades para ser fabricado em série e vendido a preços competitivos no Brasil, na época em que foi concebido. Essa é a opinião de diversos engenheiros e pilotos que acompanharam o seu desenvolvimento. O engenheiro Romeu Corsini, que trabalhou na Seção de Aeronáutica do IPT, afirmou que o “Júnior” era de construção bastante simples e que poderia ser montado utilizando-se madeira nacional de baixo custo. Igualmente reduzido seria seu custo de manutenção. Sabe-se também que era dócil aos comandos e que a cabina, totalmente envidraçada, garantia visibilidade excelente aos dois tripulantes. Tinha baixa velocidade de pouso e as perdas de estol eram sempre precedidas por amplos sinais e vibração. Saía facilmente de um mergulho, e possuía um desenho que permitiria o emprego de diferentes tipos de motores.


Ficha Técnica
Monomotor, biplace, monoplano de asa baixa. Estrutura de madeira. Cobertura externa de madeira contraplacada de superfície plástica e tela pintada. Trem de aterrissagem clássico: rodas dianteiras fixas de grande diâmetro, equipadas com amortecedores de mola. Bequilha traseira fixa.
Motor: Franklin 4AC-176-BA2, de quatro cilindros, 65Hp a 2.300rpm.
Hélice: de madeira tipo IPT.9, de fabricação nacional.
Comprimento: 6,88m
Envergadura: 10,60m
Altura: 2,45m
Superfície alar: 14,47m2
Peso vazio: 396kg
Peso total: 590 kg
Velocidade máxima: 144 km/hora.
Velocidade de cruzeiro: 135 km/hora.
Velocidade de estol: 60 km/hora
Teto máximo operacional: 3.300 m
Velocidade de subida: 140 m/minuto.

Fonte: adaptado do livro A Construção Aeronáutica no Brasil 1910/1976. Roberto Pereira de Andrade.