A
primeira mulher a tirar um brevet de piloto no Brasil foi Thereza di Marzo. Nascida no dia 4 de agosto de 1903 em São
Paulo, e Filha de Affonso de Marzo, um comerciante italiano
e de Maria Riparullo. Logo apaixona-se pela arte de voar, e isso em uma
época onde a expressão “lugar de mulher é na cozinha” era aceita e nunca
discutida. Mulheres deveriam pensar em casamento, não em voar.
Thereza di Marzo. |
Era
pouco provável que Thereza conseguisse realizar seu sonho de voar, pois eram
ainda fracos os sinais de emancipação feminina no início dos anos 20 do século
XX. Faltava muita luta para que as mulheres conquistassem seu espaço com
igualdade, coisa que ainda nos dias atuais é difícil em alguns setores.
Mas Thereza
foi à luta, e com a ajuda da mãe para convencer o pai, que era totalmente
contra a ideia, iniciou-se nas ciências aeronáuticas com a ajuda dos irmãos
italianos Enrico e João Robba, pioneiros das acrobacias aéreas no Brasil. Os Robba
que cobraram 600 mil réis por 10 horas de voo, que Thereza conseguiu rifando
sua vitrola entre familiares. Quando estes mudaram-se para o interior do
estado, passou a ter aulas com Fritz Roesler.
As primeiras exibições acrobáticas com extrema falta de segurança. |
No dia
17 de março de 1922, com pouco mais de vinte horas de treinamento, habilitou-se
perante a Banca Examinadora do Aero Club Brasileiro, tendo sido aprovada com
distinção, no Aeródromo Brasil, campo de aviação existente no Jardim América. Após
decolar, passou 40 minutos realizando manoras com uma aeronave Caudron G-3, de
120HP, pousando com muita técnica e habilidade em uma pista de apenas 150
metros de comprimento por 60 de largura.
Thereza tinha apenas 19 anos quando recebeu
o brevê nº 76 de Piloto-Aviador da Fédération Aeronautique Internacionale. No
mesmo ano, participou do raid aéreo São Paulo-Santos, no dia 7 de setembro,
como parte das comemorações do Centenário da Independência do Brasil.
Selo comemorativo ao 1º Centenário da Independência. |
Foi criadora
das “Tardes de Aviação”, onde realizava voos com passageiros, a bordo de então
seu Caudron G-3. Mais tarde adquiriu um Curtiss Oriole. Uma história
interessante:
“Certa tarde, ela e o
piloto Átila decolaram do Aeroclube do Ypiranga. Quem comandava o vôo era Thereza.
O colega deveria jogar flores sobre os jogadores, ao voarem rasante sobre o
Estádio Palestra Itália. Ao colocar a mão para dentro do avião, Átila bateu sem
querer na seletora do combustível, fechando-a e parando o motor. Thereza já
escolhia um lugar seguro para pousar quando resolveu tentar mais uma vez mexer
no comando da gasolina. Já próxima do chão, sentiu que o motor voltava a
funcionar e o voo prosseguiu sem problemas.”
Estádio do Palestra Itália, década de 1920. |
As dificuldades para se manter um avião vinham aumentando,
o que levou Thereza di Marzo a pedir apoio do governo para a aquisição de
gasolina. Na época o Presidente da República Washington Luiz respondeu: “Não quero contribuir para o seu suicídio.”
Washington Luiz estampado em selo postal. |
Acabou
por casar-se com seu instrutor Fritz Roesler em 1926, o que causou o fim de suas
aventuras com aviões. Ciumento, Fritz não mais a deixou voar.
“Depois
que nos casamos, ele cortou-me as asas. Disse que bastava um aviador na
família. Mas nem por isso perdi meu interesse pela Aviação.”
Thereza com seu futuro esposo, Fritz. |
Mudaram-se
então para o Campo de Marte, onde auxiliou seu marido em uma escola de
pilotagem e no primeiro Clube de Planadores do Brasil, ambos criação de Fritz.
Esse piloto-engenheiro construiu os primeiros planadores EAY-101 e também os
primeiros cinco Paulistinhas produzidos no Brasil, os quais nomeou de Ypiranga,
mais isso é outra história, que contaremos em outra ocasião.
Durante os 4 anos
que durou sua carreira de aviadora, realizou mais de 329 horas de voo que foram
registradas em sua caderneta, e algumas dezenas não registradas. Ainda antes de
seu casamento trabalhou com Fritz nos hangares e oficinas, e em topografias
aéreas, adquirindo experiência principalmente no ajuste de motores a explosão e
também com planadores.
Em 1976, recebeu a
Medalha de Honra ao Mérito do Ministério da Aeronáutica. Faleceu em 1986.
Caudron G-3
Tripulação: 1
Comprimento: 6,40 m (21 ft 0 in)
Envergadura: 13,40 m (44 ft 0 in)
Altura: 2,50 m (8 pés 3)
Área da asa: 27,00 m² (290 m²)
Peso vazio: 420 kg (£ 933)
Max. peso de decolagem: 710 kg (1.577 £)
Motor: 1 × Le Rhone C rotativos, 60 kW (80 cv)
Velocidade Máxima: 106 km / h (57 kn, 68 mph)
Teto de Serviço: 4.300 m [2] (14.110 pés)
Tripulação: 1
Comprimento: 6,40 m (21 ft 0 in)
Envergadura: 13,40 m (44 ft 0 in)
Altura: 2,50 m (8 pés 3)
Área da asa: 27,00 m² (290 m²)
Peso vazio: 420 kg (£ 933)
Max. peso de decolagem: 710 kg (1.577 £)
Motor: 1 × Le Rhone C rotativos, 60 kW (80 cv)
Velocidade Máxima: 106 km / h (57 kn, 68 mph)
Teto de Serviço: 4.300 m [2] (14.110 pés)
Curtiss Oriole
Tripulação: 1
Capacidade: 2 passageiros
Comprimento: 25 ft 0 in (7,62 m)
Envergadura: 36 ft 0 in (10,97 m)
Altura: 10 pés 1 (3,07 m)
Área da asa: 326 sq ft (30,3 m2)
Peso vazio: £ 1.428 (648 kg)
Peso bruto: £ 2.036 (924 kg)
Motor: 1 × Curtiss OX-5 refrigerado a água motor V-8, 90 cv (67 kW)
Velocidade Máxima: 86 mph (138 km / h; 75 kn)
Velocidade de Cruzeiro: 69 mph (60 kn; 111 kmh)
Alcance: 582 milhas (506 milhas náuticas; 937 km)
Teto de serviço: 8.000 pés (2.438 m)
Taxa de subida: 400 pés / min (2,0 m / s)
Tripulação: 1
Capacidade: 2 passageiros
Comprimento: 25 ft 0 in (7,62 m)
Envergadura: 36 ft 0 in (10,97 m)
Altura: 10 pés 1 (3,07 m)
Área da asa: 326 sq ft (30,3 m2)
Peso vazio: £ 1.428 (648 kg)
Peso bruto: £ 2.036 (924 kg)
Motor: 1 × Curtiss OX-5 refrigerado a água motor V-8, 90 cv (67 kW)
Velocidade Máxima: 86 mph (138 km / h; 75 kn)
Velocidade de Cruzeiro: 69 mph (60 kn; 111 kmh)
Alcance: 582 milhas (506 milhas náuticas; 937 km)
Teto de serviço: 8.000 pés (2.438 m)
Taxa de subida: 400 pés / min (2,0 m / s)