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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Aeronaves Brasileiras - IPT-7 "Júnior"



Entre os diversos aviões experimentais produzidos no Brasil, o IPT -7 “Júnior” destaca-se como um dos menos conhecidos. Apesar de suas excelentes qualidades de vôo, e de ser uma aeronave de baixo custo de produção e manutenção, ficou apenas no primeiro protótipo.


Projetado em 1945, seu apelido mostrava exatamente o objetivo dos seus projetistas: uma aeronave pequena, compacta, e econômica que pudesse servir para treinamento e turismo. Apesar de suas qualidades, não chegou a ser fabricado em série.
Na época de sua concepção, a Seção de Aeronáutica do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) era dirigida pelo engenheiro Frederico Brotero, e em seu relatório ao Ministério da Aeronáutica com o pedido de homologação, explicava em detalhes os objetivos da aeronave:

“Devido à sua baixa velocidade de aterrissagem, e sua cabina confortável, com ampla visibilidade, o IPT-7 também é indicado para a instrução e pilotagem, com a vantagem de permitir um contato mais íntimo entre o instrutor e o aluno, sentados lado a lado...”


Sua fuselagem era totalmente feita de uma madeira brasileira chamada freijó, assim como as asas, construídas como peça inteiriça. A cobertura externa era de contraplacado de madeira com superfície plástica. Os comandos móveis eram cobertos de tela pintada. Seu trem de aterrissagem tinha pneumáticos de grande diâmetro para pouso em pistas não preparadas, e estavam equipados com amortecedores de mola.
Na cabine, cuja cobertura deslizava para trás, havia duplo comando e os seguintes instrumentos: turn and bank, velocímetro, altímetro, variômetro, manômetro, conta-giros e relógio.        


Os testes de homologação foram satisfatórios e o “Júnior” voou ainda alguns anos em São Paulo, servindo como aeronave experimental para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Mas a falta de interesse do Governo Federal e das indústrias privadas impediu sua fabricação em série, o que o levou a cair no esquecimento, sendo finalmente abandonado. 


O monomotor “Júnior” tinha todas as qualidades para ser fabricado em série e vendido a preços competitivos no Brasil, na época em que foi concebido. Essa é a opinião de diversos engenheiros e pilotos que acompanharam o seu desenvolvimento. O engenheiro Romeu Corsini, que trabalhou na Seção de Aeronáutica do IPT, afirmou que o “Júnior” era de construção bastante simples e que poderia ser montado utilizando-se madeira nacional de baixo custo. Igualmente reduzido seria seu custo de manutenção. Sabe-se também que era dócil aos comandos e que a cabina, totalmente envidraçada, garantia visibilidade excelente aos dois tripulantes. Tinha baixa velocidade de pouso e as perdas de estol eram sempre precedidas por amplos sinais e vibração. Saía facilmente de um mergulho, e possuía um desenho que permitiria o emprego de diferentes tipos de motores.


Ficha Técnica
Monomotor, biplace, monoplano de asa baixa. Estrutura de madeira. Cobertura externa de madeira contraplacada de superfície plástica e tela pintada. Trem de aterrissagem clássico: rodas dianteiras fixas de grande diâmetro, equipadas com amortecedores de mola. Bequilha traseira fixa.
Motor: Franklin 4AC-176-BA2, de quatro cilindros, 65Hp a 2.300rpm.
Hélice: de madeira tipo IPT.9, de fabricação nacional.
Comprimento: 6,88m
Envergadura: 10,60m
Altura: 2,45m
Superfície alar: 14,47m2
Peso vazio: 396kg
Peso total: 590 kg
Velocidade máxima: 144 km/hora.
Velocidade de cruzeiro: 135 km/hora.
Velocidade de estol: 60 km/hora
Teto máximo operacional: 3.300 m
Velocidade de subida: 140 m/minuto.

Fonte: adaptado do livro A Construção Aeronáutica no Brasil 1910/1976. Roberto Pereira de Andrade.