Entre os diversos aviões
experimentais produzidos no Brasil, o IPT -7 “Júnior” destaca-se como um dos menos
conhecidos. Apesar de suas excelentes qualidades de vôo, e de ser uma aeronave
de baixo custo de produção e manutenção, ficou apenas no primeiro protótipo.
Projetado em 1945, seu apelido
mostrava exatamente o objetivo dos seus projetistas: uma aeronave pequena,
compacta, e econômica que pudesse servir para treinamento e turismo. Apesar de
suas qualidades, não chegou a ser fabricado em série.
Na época de sua concepção, a
Seção de Aeronáutica do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) era dirigida
pelo engenheiro Frederico Brotero, e em seu relatório ao Ministério da
Aeronáutica com o pedido de homologação, explicava em detalhes os objetivos da
aeronave:
“Devido à sua baixa velocidade de aterrissagem, e sua cabina
confortável, com ampla visibilidade, o IPT-7 também é indicado para a instrução
e pilotagem, com a vantagem de permitir um contato mais íntimo entre o
instrutor e o aluno, sentados lado a lado...”
Sua fuselagem era totalmente
feita de uma madeira brasileira chamada freijó, assim como as asas, construídas
como peça inteiriça. A cobertura externa era de contraplacado de madeira com
superfície plástica. Os comandos móveis eram cobertos de tela pintada. Seu trem
de aterrissagem tinha pneumáticos de grande diâmetro para pouso em pistas não
preparadas, e estavam equipados com amortecedores de mola.
Na cabine, cuja cobertura
deslizava para trás, havia duplo comando e os seguintes instrumentos: turn and
bank, velocímetro, altímetro, variômetro, manômetro, conta-giros e
relógio.
Os testes de homologação foram
satisfatórios e o “Júnior” voou ainda alguns anos em São Paulo, servindo como
aeronave experimental para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Mas a falta
de interesse do Governo Federal e das indústrias privadas impediu sua
fabricação em série, o que o levou a cair no esquecimento, sendo finalmente
abandonado.
O monomotor “Júnior” tinha todas
as qualidades para ser fabricado em série e vendido a preços competitivos no
Brasil, na época em que foi concebido. Essa é a opinião de diversos engenheiros
e pilotos que acompanharam o seu desenvolvimento. O engenheiro Romeu Corsini,
que trabalhou na Seção de Aeronáutica do IPT, afirmou que o “Júnior” era de construção
bastante simples e que poderia ser montado utilizando-se madeira nacional de
baixo custo. Igualmente reduzido seria seu custo de manutenção. Sabe-se também
que era dócil aos comandos e que a cabina, totalmente envidraçada, garantia
visibilidade excelente aos dois tripulantes. Tinha baixa velocidade de pouso e
as perdas de estol eram sempre precedidas por amplos sinais e vibração. Saía facilmente
de um mergulho, e possuía um desenho que permitiria o emprego de diferentes
tipos de motores.
Ficha Técnica
Monomotor,
biplace, monoplano de asa baixa. Estrutura de
madeira. Cobertura externa de madeira contraplacada de superfície plástica e
tela pintada. Trem de
aterrissagem clássico: rodas dianteiras fixas de grande diâmetro, equipadas com
amortecedores de mola. Bequilha traseira fixa.
Motor: Franklin
4AC-176-BA2, de quatro cilindros, 65Hp a 2.300rpm.
Hélice: de madeira
tipo IPT.9, de fabricação nacional.
Comprimento: 6,88m
Envergadura:
10,60m
Altura: 2,45m
Superfície alar:
14,47m2
Peso vazio: 396kg
Peso total: 590 kg
Velocidade máxima:
144 km/hora.
Velocidade de
cruzeiro: 135 km/hora.
Velocidade de
estol: 60 km/hora
Teto máximo
operacional: 3.300 m
Velocidade de
subida: 140 m/minuto.
Fonte: adaptado do livro A Construção Aeronáutica no Brasil 1910/1976. Roberto Pereira de Andrade.