João Ribeiro
de Barros conseguiu seu brevê na Liga Internacional dos Aviadores, entidade
francesa, após desistir de estudar direito no Brasil e engenharia mecânica nos
Estados Unidos. Filho de Sebastião
Ribeiro de Barros e Margarida
Ribeiro de Barros, tinha seis irmãos, e nasceu na cidade Jaú, São Paulo,
no ano de 1900.
Aperfeiçoou-se
como navegador nos E.U.A. e em acrobacias aéreas na Alemanha. Em 1926 começa a
idealizar sua grande aventura, que o deixará famoso. A ideia era partir da Itália,
a bordo de um hidroavião e chegar ao Brasil sem o apoio de navios no caminho,
pois acreditava que os aviões deveriam atuar de forma independente.
Não
conseguiu nenhuma ajuda do governo brasileiro, que não quis se indispor com as
grandes potências que disputavam a soberania dos céus empenhando-se em voos
transoceânicos. Também consideravam impossível seu objetivo, já que outros
países considerados mais “desenvolvidos” ainda não haviam conseguido. Mesmo
assim não desistiu, e vendendo sua herança aos irmãos, partiu para a Itália.
Na Itália,
adquire uma aeronave Savoia-Marchetti S.55 avariada, que havia sido utilizada
pelo conde Casagrande num frustrada tentativa da travessia Itália-Brasil.
Providenciou junto com Vasco Cinquini os reparos necessários, além de diversas
modificações que melhoraram consideravelmente sua autonomia e velocidade,
impressionando os italianos.
Apesar de ter deixado a fábrica já com o nome de
Alcione, foi rebatizada com o nome de Jahú, em homenagem a sua terra
natal.
Foi sabotado
já na saída, tendo que parar na Espanha, onde encontrou uma peça de bronze no
cárter do motor da aeronave, além de água, areia e sabão no sistema de
alimentação.
Na Espanha
acabou preso pela ditadura espanhola, acusado de pousar sem permissão, sendo
ajudado pelo cônsul brasileiro. Desentendeu-se com o co-piloto Arthur Cunha,
dispensando-o. Contraiu malária e precisou recuperar-se primeiro, tendo também
que desmontar e remontar toda a sua aeronave.
Recebeu um telegrama do Presidente Washington Luiz, ordenando que
desistisse de sua tentativa de cruzar o Atlântico, desmontasse a aeronave e
embarcasse a mesma em um navio rumo ao Brasil. Sua resposta foi:
“Exmo. Sr. Presidente:
Cuide
das obrigações do seu cargo e não se meta em assuntos dos quais vossa
excelência não entende e para os quais não foi chamado.”
Presidente Washington Luiz e ministério. |
De sua mãe, recebe outro telegrama:
Aplaudimos tua atitude. Não desmontes o aparelho. Providenciaremos a
continuação do reide, custe o que custar. Paralisação do reide será fracasso.
Asas do avião representam a bandeira brasileira...Dizes se queres piloto
auxiliar. Abraços a Braga e Cinquini. E bençãos de tua mãe.
Seu irmão Osório Ribeiro viajou até Cabo
Verde levando junto um co-piloto contratado por ele, o oficial da força pública
João Negrão.
No dia 28 de
abril de 1927, as 4 horas e 30 minutos, parte da Ilha de Cabo Verde, cruzando o
Atlântico com seus três companheiros, a bordo do Jahú, e pousando as 17 horas
na enseada norte da Ilha de Fernando de Noronha, contendo em seus tanques ainda
mais de 250 litros de combustível, estabelecendo um recorde de velocidade só
melhorado muitos anos depois.
Em Noronha. |
Museu da TAM. |
Museu da TAM. |
João Ribeiro
de Barros ainda planejou novas aventuras. Em 1929 viajou até a França, onde
encomendou um grande avião Breguet, e de onde pretendia viajar diretamente para
o Brasil, mas a morte de sua mãe o faz mandar o avião para o Brasil desmontando
a bordo de um navio, e retornar imediatamente. A aeronave recebeu o nome de Margarida,
em homenagem a sua mãe.
Quando está
prestes a partir do Campo dos Afonsos em destino a Europa, em seu avião, é
impedido pelas autoridades devido ao início da Revolução de 1930, sendo
impedido ate mesmo de se aproximar da aeronave.
Faleceu em
1947 de problemas hepáticos, e seus restos hoje descansam em monumento em
homenagem a seus feitos, na cidade e Jaú.
Fontes:
http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br