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terça-feira, 29 de maio de 2012

Mortes misteriosas na Lagoa dos Esteves


Em agosto de 1920, os pilotos Aliatar Araújo Martins, Brasileiro, e John Willian Pinder, Inglês, participavam do Rally Aéreo Rio de Janeiro a Buenos Aires. Ambos os pilotos haviam participado da I Guerra Mundial, e eram considerados muito experientes. Após uma escala em Florianópolis decolaram em direção ao ponto final da corrida em seu hidroavião Macchi M9, conhecido como Aerobote de Reconhecimento e Bombardeio, de fabricação italiana e propriedade do Aeroclube do Brasil. 
Grupo de pilotos brasileiros treinados na Europa na I Guerra Mundial.
  Ao sobrevoarem a região sul de Santa Catarina, soltou-se uma tampa de alumínio da fuselagem atingindo parte da hélice de madeira, causando-lhe danos. Sem muita opção, decidem por pousar na Lagoa dos Esteves para resolver o problema antes de seguir viagem. Logo foram recepcionados por curiosos e encaminhados ao Inspetor de Quarteirão Maurício Cardoso que auxiliado por populares, prestou toda a ajuda necessária para os reparos.
O Macchi M9 com os pilotos na Lagoa dos Esteves.
 Após o conserto, a população acabou dispersando-se, ficando os dois pilotos prontos para dar partida e seguir viagem. Acontece que o avião decolou, e os dois num primeiro momento desapareceram. Conta-se que já no dia seguinte espalhou-se a noticia que teriam sido assassinados os pilotos por ribeirinhos da lagoa, chegando a distorcida informação ao Governador Hercílio Luz. Estava formada a confusão.
Partindo de Florianópolis, grandes pelotões deslocam-se de trem ou a cavalo em direção a Lagoa, em busca dos criminosos. O consulado inglês exigia explicações e a punição dos responsáveis por tal barbárie. Chegou-se a especular que teriam sido mortos e devorados por canibais. Até uma sessão espírita foi realizada, onde a alma de um dos pilotos comunicou que o assassino seria um homem chamado Severiano, que teria enterrados os corpos no quintal de sua própria casa. Preso, Severiano teve o quintal de sua casa todo esburacado, mas nada foi encontrado. 

O mistério só foi desvendado quinze dias depois, quando o primeiro dos corpos apareceu boiando na Lagoa, e o segundo corpo no dia seguinte. A partir da análise dos corpos e da aeronave presume-se que:
a partida do motor era feita manualmente girando-se a hélice, numa operação onde o ponto do motor deveria ser atrasado para que a compressão pudesse ser rompida, tarefa que deveria ser executada pelo piloto que estivesse no comando da aeronave. Acredita-se que nesta operação algo deu errado e a compressão do motor não pode ser rompida, o que fez com que a hélice do aparelho girasse com muita força no sentido contrário, quebrando o braço do aviador que a acionava, atirando-o nas águas da lagoa. O outro piloto saltou na água na tentativa de salvá-lo, mas não conseguiu, devido ao afastamento do hidroplano arrastado pelos ventos. Longe das margens da Lagoa, ambos morreram afogados.
Os corpos dos pilotos foram os primeiros a serem sepultados no cemitério de Urussanga Velha, localidade que posteriormente passou a se chamar Aliatar, em homenagem ao piloto brasileiro falecido. 
Vista atual da Lagoa do Esteves.
 A tentativa de levar o hidroplano de volta ao Rio de Janeiro também fracassou. A equipe que veio busca-lo, após substituir a hélice quebrada, em voo de teste, o aparelho sobrevoou a lagoa e pousou sem problemas, ficando marcada a partida para o dia seguinte já que a noite se aproximava. O avião foi amarrado as margens da Lagoa, mas durante a noite uma tempestade muito forte varreu a região rompendo as amarras que seguravam o hidroavião arrastado-o e destruindo-o contra as árvores as margens da Lagoa, sobrando apenas algumas peças e o motor que foram transportados em carro de bois até a localidade de Esplanada, de onde seguiram de trem até Laguna e daí de navio para o Rio de Janeiro.


Ficha Técnica:
   Tripulação: 2  - Piloto e observador
   Comprimento: 9,40 m (30 ft 10 in)
   Envergadura: 15,40 m (50 pés 6)
   Altura: 3,25 m (10 pés 8)
   Asa área: 48,5 m2 (521 ft2)
   Peso vazio: 1.250 kg (2.750 lb)
   Peso bruto: 1.800 kg (3.960 £)
   Motor: 1 × Fiat A.12, 208 kW (280 hp)
   Velocidade máxima: 188 km / h (118 mph)
   Autonomia: 4 horas
   Teto de serviço: 5.500m (18.050 pés)

Seu Porto também construiu um aeromodelo réplica do Macchi M9. 

Aeromodelo réplica perfeita do Macchi M9 contruido pelo Sr. Carlos Porto.
Vídeo do primeiro vôo do aeromodelo Macchi M9 construído pelo Engenheiro Carlos Porto.


Fontes:
http://www.naval.com.br/anb/ANB-historico/ANB-hist04_IGM.htm

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